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31/12/2022 às 00h00min - Atualizada em 31/12/2022 às 00h00min

SEU GRAJAÚ E SUA GENTE

(vida real)

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
Grajaú era um roceiro que morava com sua família na beira da estradinha de chão, um cajueiro à frente, numa modesta casa de palha, no lugar do mesmo nome.   Um tanto desacorçoado do trabalho roceiro foi bater com os costados na cidade (na capital). Lá, tornou-se estivador – um serviço braçal que consistia em carregar e descarregar cargas, de navios mercantes.  Serviço na força bruta, mas ganhava uma grana!

Homem forte, trabalhador, logo ficou famoso pois que segundo a lenda carregava ainda que de mera demonstração três sacos de cimento de uma só vez:  Um na cabeça e dois outros – um debaixo de cada braço. Cento e oitenta quilos! Uma façanha!

Levando aquela vida contida de cidade, sua mulher Dona Maria Santa (Santinha), acostumada à vida livre do interior, carregava consigo uma saudade danada da vida e das coisas do interior onde morava: As festas de Arrais, aqueles bailes tocados a violino, aquelas festas de São Gonçalo, aquelas noites em ladainhas, novena e café com bolo. E até das “boiadas” – aquela festança de bumba-boi. Aquilo tudo lhe batia uma saudade danada. E ficava doidinha para voltar. Para passear.  E Grajaú, seu marido, lá, dando murro em ponta de faca, carregando na cabeça pra sustentar mulher e filhos.

Diziam as boas e más línguas que enquanto Grajaú dava um duro na cidade, na estiva, sua mulher “dava mole” no interior, longe do marido, disfarçada da companhia da filha. E aí as duas eram a tampa e a panela. Diziam. Agora, que a velha era festeira, isso era!

E quando era a Festa da Conceição. E quando era o baile que o Zé Zédo Bule (no violino) ia tocar, eis que lá da cidade dos socavões por onde morava, lá se destabocava a Dona Maria Santa, doidinha pra não perder aquela festa, trazendo na “companha” a sua filha MARILETE, uma moçoila de seus quinze anos, linda, lindérrima. Uma pimenta!  Uma tentação em pessoa. Uma gata no cio!!! Namorava com os olhos. Qualquer um queria passar-lhe a perna. Até eu...

Certa feita, num baile na casa de “Dionizo de Trocata”, MARILETE e sua mãe estavam lá. Não me lembro se dancei com a moça. Mas posso lembrar que a mãe dançava e curtia tanto quanto ou muito mais do que a filha. E quando o dia amanheceu, lá vou eu na companhia de MARILETE, tentando... insistindo...  com aquela “conversa mole”... querendo namoro. E... nada vezes nada, absolutamente nada...

Hoje, mais de sessenta anos depois eu me lembro das lendas de Seu Grajaú, o marido. Lembro-me de sua casa de palha à beira da estrada.  Me lembro da sua mulher Dona Maria Santa, uma “festeira de marca maior”. E... não posso esquecer de MARILETE, aquela insinuante, provocante e tentadora “pimenta”, que bastava o seu olhar para namorar e que me fez andar uma légua atrás dela (na ida) e outra légua de volta. E que afinal... não deu em nada.

JOSEFINHO  BOM DE BRIGA
JOSEFINHO de Lixandinha, aquilo era um “atentado”. “Prevesso” era só até ali, diziam as pessoas. Aonde chegava, possuído de cachaça e do “isprito mau”, logo arrumava uma briga, uma encrenca. Fosse numa festa, numa boiada, num jogo de bola. Onde tivesse gente. O seu forte era cortar as pessoas com o seu facão.

Num dessas tantas encrencas, JOSEFINHODE LIXANDINHA inutilizou um homem com o seu facão. Puxou uma cadeia, mas “voltou de lá do mesmo jeito ou pior”, diziam as pessoas. Numa dessas encrencas, JOSEFINHO até “parece que estava com o diabo no couro”. Cortou o primeiro e estava disposto a cortar quem mais viesse pela frente. Foi quando teve que enfrentar um 38. Dois tiros e JOSEFINHO foi ao chão. Uma bala alojou-se em sua coluna vertebral.

Santo remédio! JOSEFINHO nunca mais foi o mesmo! Também ficou inutilizado. E nunca mais cortou ninguém. É por isso que naquele chão existe um ditério que diz:  “Não hai neste mundo, um primeiro sem segundo”

OPINIÃO:
Os patriotas têm mostrado a sua cara e dado a cara a tapa; porém, duas categorias   são a grande revelação: Os índios e o AGRONEGÓCIO, estes que não só dão a cara a tapa quanto estendem a mão à palmatória. E viva o agronegócio! Deus salve o agronegócio. Uma terceira categoria já tinha posto as mangas de fora: OS CAMINHONEIROS. E, se esse maldito jogo virar, eis que caminhoneiros, índios e o AGRONEGÓCIO estarão todos no mesmo barco, segurando como o fazem - a mesma bandeira.

* Viegas interpreta e questiona o social.
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