MENU

17/12/2022 às 00h00min - Atualizada em 17/12/2022 às 00h00min

“QUESTÃO D E MOÇA”

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
Aquele casal de “pombinhos”, namorados entre si, vivia no maior love da paróquia e mais uma banda do mundo e quatro bandas da lua. Os pais da moça “faziam gosto”, queriam o namoro e  o casamento. Principalmente porque o rapaz, além de branco, tinha os olhos azuis, era estudado, tinha o curso primário completo, seu pai era dono de terras. Além do mais tinha uma profissão em “costuras”. Não era um roceiro como outros tantos naquele meio de mundo e fim mundo onde o diabo perdeu as botas. E então era um autêntico Príncipe das Astúrias. Não havia naquele meio de mundo e fim do mundo um partido melhor para a sua filha-moça. Os pais então, queriam que sua filha se casasse de “papel passado”, no padre e no civil, com véu, grinalda e flor de laranjeira. Tudo conspirava a favor.

Mas eis que do nada... do nada... a moça botou a boca no trombone e disse aos seus pais que logo se espalhou por toda a torcida da Seleção que o seu primo e namorado tinha “mexido” com ela. Olha a bronca! Aí o pai, chegou no suposto-pretenso e imaginário futuro genro a abriu o jogo: “Você casa e está tudo resolvido”.

Foi quando o namorado deu o grito de independência: ”Eu? Tô fora! Nunca trisquei nessa moça. Ela tá é doida! Sempre tratei ela com respeito. E até pretendia me casar, mas... desse jeito... não tem condição. Eu não vou entrar nessa “carrumbamba”. Não comi nem bebi. - É, né? Disse o pai. Então o caso vai parar na Delegacia. Foi lá e “deu parte”. O Delegado da Vila, tinha um duplo ofício: Prender e bater nas pessoas em busca de confissão ou... ainda que por mera perversidade.

Na Delegacia a fuzarca estava armada. Foi tu. Não fui eu. Foi tu - não fui eu. E... xadrez do brabo! Dez dias,quinze dias, vinte e tantos dias. Aí o Delegado perguntou: “E aí? Casa ou não casa? Delegado, eu não devo no caso, disse o rapaz. Na época havia na Vila um farmacêutico, chefe político e manda chuva. Não era um Roque Santeiro (de Saramandaia), mas era um “homem quase santo”. Este que foi chamado para fazer a perícia, o exame de “virgindade” da moça. Dias depois veio o diagnóstico: Nada escrito e tudo verbal: “Uma estrada velha, com várias passagens, não é uma estrada nova”. Pronto: matou charada!

Aí o Delegado abriu a porta da cadeia e declarou: ”Vai timbora”. Restaram as mágoas entre as duas famílias e o namoro se foi para o beleléu, pros quintos. Cinquenta anos depois (cinqüenta anos depois), o rapaz dizia: “Se ela tem me chamado num particular e aberto o jogo, a gente até que podia se arrumar, se entender e ficar de bico calado. Mas, botar pra cima de mim, o que eu não comi, nem bebi, aí não dá.

PROFESSOR GRANDALHÃO & ACEPÊ
Grandalhão era o professor de “física”. Acabava por ter uma banda da Escola nas mãos. Era um todo poderoso! A Escola de quando em vez realizava  comissões / delegações que viajam para outros estados em jogos de competição. Qualquer um queria estar ali naquelas comitivas..Mas era o professor, o grandalhão e vozeirão quem determinava quem. A sua palavra era um incenso. E qualquer um quisera ser incensado.

Programou-se então uma viagem para o meio do mundo. Passagem de avião, blusões caracterizados. Um luxo! Uma oportunidade inigualável para o resto da vida. Qualquer um quisera estar naquela comitiva. E o grandalhão, lá, incensando a quem ele bem queria incensar. Na maior!

Deixa que no meio dessa galera tinha o ACPÊ, bonitão, sarado, um metro e oitenta que, segundo as boas e más línguas mas tudo no enrustido, era o “cacho” (o bofe) do grandalhão, o  dono da situação – ele que incensava a quem bem queria incensar, carregava e levava a quem bem  quisesse carregar e levar. Aí ACPÊ logo também queria viajar pro meio do mundo com os demais. Mas como? Se ele não jogava bola, nem vôlei, nem basquete, nem nada? E, de resto, coisa nenhuma.

Aí quando chegava não hora da “física”, grandalhão estava lá dando as ordens do terreiro. E como seu cacho (o bofe), não jogava nada de nada, mandou-lhe correr - como se lá no fim do mundo fosse participar de uma corrida. Nadinha! Só pra inglês ver! E ACP, sozinho e sem um único concorrente, corria, se esfalfava, suava em frente a todos, num treinamento de faz de conta, só pra inglês ver. Tudo jogo de cartas marcadas.

E uns e outros das galeras só sacando aquele jogo de AMANTE versus AMADO. Qual na vida o CLÔ e o seu bofe. E pegarão avião tudo por conta da “viúva” e foram fazer das suas lá no fim do mundo, num passeio das Arábias, longe de tudo e de todos. E os condoídos sofredores que não tiveram igual sorte, meio século (e só meio século depois) depois, muravam: “Me engana que eu gosto”.

OPINIÃO:
O Molusco, por umas duas ou três vezes já andou ameaçando que vai entrar com uma ação judicial contra a República pelos DANOS MORAIS que suportou indevidamente, injustamente condenado – tanto que, enfim fora “descondenado”. Ocorre que o Código Civil prevê o prazo de três anos, a partir do fato para PRESCRIÇÃO do direito à indenização por danos morais.

Ora, mas se por conta de Molusco, a Constituição já se faz amassada, rasgada e desmoralizada, eis que, desmoralizar e rasgar um reles Código Civil Nacional, isso é fichinha! E então aproveita MOLUSCO, que a tesouraria é toda tua. E os tesoureiros, também!

*Viegas é advogado, interpreta e questiona o social.
Link
Leia Também »
Comentários »