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19/11/2022 às 00h00min - Atualizada em 19/11/2022 às 00h00min

O FILHO DO DONO

(Qualquer semelhança é mera coincidência. Não considere)

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

  
E então na Província da Água Doce, havia um homem bom. O dono da situação. Muito querido, respeitado e considerado por todos, tal o seu ofício, a sua missão. Ente outros, tinha um filho que não era lá essa flor que se cheirasse, mas... era o filho do dono. Vestia-se nos panos, tomava suas geladas e volta e meia saía por aí aprontando das suas. Tinha uma baita sombra e cobertura. E um muro de três metros de altura.

Conta a lenda que, certa noite o “dito cujo” foi bater num daqueles bailes de gafieira. O ambiente social era tranquilo e saudável. Gente dançando e a música troando.  A figura, todo metido nos panos, entrou no recinto, assim um tanto tropicando. Aí, uns e outros já imaginaram: isso aí não vai prestar. E a música troando no baile! Então ele foi lá na orquestra e... sem mais nem menos “deu um chute no bombo e um murro no prato”. Um estrago e tanto! Um desaforo!

O dono da orquestra era um homem firme, decidido e garantido, do tipo que “não guardava almoço pra janta”.  E de um só murro na lata, mandou o sujeito, nocauteado, ao chão. Em seguida pegou o cara pelos fundilhos e o jogou pela janela, qual um volume qualquer. Conta a lenda que “o filho do dono”, já caiu “roncando como um porco”. E segue o baile!

E a orquestra tocou uma velha canção: *Oh, jardineira, por que estás tão triste? / Mas o que foi que te aconteceu? / Foi a camélia que caiu do galho / Deu dois suspiros e depois morreu / Foi a Camélia que caiu do galho / Deu dois suspiros e depois morreu...*

HOLLENS - O ASSA-ARRAZA
“Tu se alembra” do HOLENS AZA-ARRAZA? Era um cara difícil com fama de coisa ruim. Um casca grossa de primeira.  Escroto em tempo inteiro.  Certa noite ele bebia com um parceiro na Boate do CACAU, um antro da social prostituição, na Província. Desentenderam-se e o parceiro, à queima roupa, por cima dele, meteu bala. O parceiro foi puxar cadeia braba, quase apodreceu por lá e o ASSA-ARRAZA, ficou “zanzando” por aí., na maior escrotidão da paróquia, como sempre.

Quando o atirador foi para e julgamento pelo Júri (um Tribunal Popular), um candidato a jurado vaticinou: “Se eu sentar nesse júri vou condenar esse cara só porque ele não matou o HOLLENS ASSA-ARRAZA. E mais: “O cara atirou em cima dele e não matou?!  Merece é ser condenado”. Vixe! Arre égua!

Naquela época, diversos homens da Província, tiravam mulheres dos cabarés da vida, iam morar juntos, faziam família. E tiravam onda de “salvador da pátria”. AZA-ARRAZA foi um desses. Pegou uma gatona, bonita, inteira, dona de um olhar penetrante e lá se foram morar juntos. E ASSA-ARRAZA ali, marcando colado E ai de quem chamasse a mulher simplesmente de NEUTA. ASSA-ARRAZA cobrava em cima da bucha e, arrogante corrigindo, dizia: “Dona Neuta”. Que era assim que deveria ser chamada: DONA NEUTA!
 
E Neuta, a Dona Neuta ali, acachapada na encrenca em que se meteu. Ela queria mesmo é ser livre, libertina e libertária como sempre foi. Dona do seu corpo, das suas vontades, da sua vida. E ser chamada simplesmente de NEUTA ou... NEUTONA. E... nada de DONA NEUTA. Até porque esse “dona” lhe pesava, lhe incomodava. E disso ela não gostava. Mas, debaixo das azas do ASS-ARRAZA, fazer o quê? *

E quando ASSA-ARRAZA menos imaginou, a sua “DONA NEUTA”, pulou a cerca, cascou fora e caiu no mundo. Com outro, é claro!  “Abriu a terra e se meteu”. E nunca mais pisou na Província. Ela sabia do barra-pesada, do coisa ruim que era o HOLENS-ASSA-ARRAZA, com quem um dia ou alguns dias se deitou.  Aquele que impondo domínio, como se ela fosse um objeto de sua posse, queria que todo o mundo a chamasse de DONA NEUTA, para infundir e difundir respeito e moral, fazendo um muro de divisa entre o passado e o presente. Logo ela que era de quem desse e de quem viesse... e melhor ainda: de quem se aprouvesse. E aí, era fogo de morro acima e água de morro abaixo...

FRASE DA SEMANA:
“Não chore mais. Não chore porque o inferno é igual para todos. Não chore porque depois da tempestade vem a bonança. Não chore porque o risco que corre ao pau corre também ao machado. Mas se quem te desenha vier a urrar, manda que faça um “L”.
  • Viegas questiona o social
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