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05/11/2022 às 00h00min - Atualizada em 05/11/2022 às 00h00min

O TRISTE FIM DE UM PISTOLEIRO

BANDEIRA NETO

BANDEIRA NETO

Nelson BANDEIRA NETO é cronista e funcionário do SESI-Serviço Social da Indústria, ex-vereador por Imperatriz (MA)


  

Fomos atrás do tempo anterior ao presente e tendo como objeto da história – o passado.

Como foi bem entrelaçado pelo colunista Dr. Viegas, que além da Promissória, o Jipe Negro, o Banco, o Rasga-Mortalha, Naquela Tarde, escarafunchou com os seus devidos detalhes esses protagonistas que tinham o cheiro de “espoleta e pólvora”.

O velho oeste das águas barrentas do Rio Tocantins. Até o momento sonoro e crucial de ser dito por um deles: “Deus disse - vindes a mim”! Quem beber dessa água não voltará jamais...

Todos migrados de outras plagas. O “chamarisco” – para tornar-se precisamente donos de terras pleiteadas... porque suas botas tinham o faro de bosta de bovinos e do capim colonião... e o solo era fertilizado para esse tipo de esperteza.

O cenário era resistente ao ponto de suas pistolas cuspirem fogo pelo cano para anunciar que essas terras não tinham donos.

Bradesco da Avenida Getúlio Vargas... antes de abrir-se para atendimento ao público no horário estabelecido...

O pistoleiro passava por cima da ordem do segurança do banco, e se abancava com os pés e botas meladas de cocô de animais em cima do birô à espera do gerente para liberar seu empréstimo bancário.

E não fazia não!!!

Muitos dirigentes de bancos particulares viviam numa diarreia intermitente de sua casa para o banco... haja enteroviofórmio para estancar esses desarranjos intestinais!

Por fim, a triste partida de um pistoleiro...

Homem empinado, com 2,15 de altura, magro e esquelético; mas, era mensurado de todas as maldades para ter a posse e glebas que não eram suas.

Com essa malignidade ao ponto de ser desumano; levava a vida em que a sociedade olhava como uma afronta desse e tantos outros que campeavam em busca de negócios fundiários ilícitos na região.

Como aqui na época se vivia com o constante deslocamento populacional de um lugar para o outro; migrava toda qualidade de gente para se dar bem com a vida com esses serviços com cheiro de arma de fogo.

Muitos deles provaram o fel do próprio veneno; morreram de chumbo cruzado; com a cobiça de abocanhar a melhor vantagem.

Já no caso do infeliz pistoleiro, morreu mesmo de morte natural proveniente de um AVC que se tornou funesto e acabando com suas peripécias engenhosas do gatilho.

O problema maior foi que nenhuma funerária tinha um caixão além do GG [2m interno x 2,05m externo] dado ao seu tamanho; forrado com aquela cor azul desbotado de uma ida sem volta.

Daí passaram a pensar no plano “B” como iriam fazer para depositar o cangaceiro até ao sepulcro terminal até ao campo da saudade.

E olhe!

Ele pediu, ainda, em vida, que sua “cova” não fosse só de sete palmos e, sim, de quatorze palmos… naquela época cemitério não tinha o chamado “gavetão”.

Perguntaram por que além daquilo.

Para evitar que o papa defunto o “peba” degustasse o pouco que existia da massa muscular quando entrar em decomposição depois de morto, entre os setes primeiros dias de profundeza perpétua.

Ainda bastante fresco!

Quanto ao caixão, tiveram, lastimavelmente, a ideia de cortar as duas canelas acima dos pés; tampando os orifícios com estopa para evitar a saída do [líquido gelatinoso] pelos buracos das tíbias.

E assim, aconteceu o seu sepultamento; levando dentro do seu esquife o chapéu preto de massa e as botas e cinto feitos de couro de boi zebu.

Como foi complicada essa despedida, descendo de ladeira abaixo... até sua alma apresentar-se ao Pedro... sobre essa pedra construirei minha eterna morada. E nunca mais ouvirás o “estampilho de minha pistola”.

Enfim, os pistoleiros do Sudoeste do Maranhão limitando-se com o Pará, fizeram misérias deixando um pedaço de desgraça se arrastando como a viuvez filhos órfãos para a cidade completar sua história contemporânea.

                                                                      CRUZ CREDO!

P.S. A palavra está outorgada ao preceptor pelos “Caminhos por onde andei.”

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