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22/10/2022 às 00h00min - Atualizada em 22/10/2022 às 00h00min

TEATRO & PERSONAGENS

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
 
Naquele teatro da vida real tinha quatro personagens. Melhor dizendo: Dois personagens e dois figurantes. A personagem principal era DONA TEREZA, uma morenaça inteira, pernonas, nada de se jogar fora. Diziam as boas e más línguas que Dona TEREZA tinha mais hora de cama lá fora do que em casa. Também diziam “uns e outros” que ela “dava” mais fora do que em casa. No ar, em tempo inteiro. Diziam até que “ela dava mais do que chuchu na serra”.

 Os figurantes eram dois: Um crioulo, sobrinho de Dona |Tereza, bem apanhado, colegial, interno no internato que, de vez em quando dava uma doideira de querer visitar a sua tia. O outro personagem era simplesmente um Mané, acompanhante do sobrinho de sua tia que logo observava as pernaltas daquela coroa, nada de se jogar fora.

Por fim tinha o SEU ALFREDO, maridão infeliz de Dona TEREZA. Certo dia, manhã de sol, lá pelas nove e tantas do dia, estão lá na casa os três – quer dizer: Dona TEREZA (a atriz principal), e os dois figurantes. É quando chega o Seu ALFREDO. Maridão, zeloso e eternamente enciumado, tinha o maior ciúme de sua coroa, que, na menor das hipóteses, ele deveria saber do potencial que tinha em casa. ALFREDO já chegou em casa com umas duas cagibrinas no juízo. E olhou os três ali, na área da cozinha com a patroa preparando um café.

Então, ALFREDO, já ferido pela dor de cotovelo e chegando ali naquela ocasião como uma “persona non grata”, dentro de sua própria casa, olhando a trinca ali na maior descontração, foi chegando e foi logo perguntando assim um tanto na bronca: ”Que negócio é esse? Que negócio é esse?  Referindo-se aos dois coadjuvantes ali presentes. E então Dona TEREZA, de posse do alvará nas mãos, respondeu segura de si e na mansa: “Esse aqui é meu sobrinho. Ele já veio aqui, tu não se lembra? E esse outro aí é o colega dele que também mora no internato.”

Aí ALFREDO recuou: “Ah, sim!”. E quietou-se visivelmente tranquilo. Enquanto isso a vizinhança toda-toda, sabia que Seu ALFREDO morria de dor de cotovelos pela sua patroa. Mas, enquanto aguentava, ele ia levando a vida, aos trancos e barrancos e morrendo de dor cotovelos pela sua Tereza uma morena, pernaltas digna qualquer um tirar-lhe o chapéu.  Esta semana, na Feira do João Paulo, em São Luís, uma crioula ressuscitou na pele de DONA TEREZA, em carne e osso!!!

QUE NEGÓCIO É ESSE?

Outro teatro da vida real: Naquela tarde de sábado, lá pelas quatro e meia o cara saiu de casa, trajando bermuda branca, camisa regatas, chapéu escuro, montado em seu jipe branco sem capota. Um Zorro! E saiu “zoando por aí”. E foi parar na casa daquele coroa bem alinhada, curvas bem desenhadas e perigosas. Um tipo que se mostrava “sozinha”, mas visivelmente à espreita de quem lhe bancasse uma “situação”.

O cara (óculos escuros, roupa casual), estava justo ali, na casa da coroa. E ela ali, dividida entre as atenções à sua pequena costura e aquela visita inesperada. Aquele “candidato a candidato” Não era uma certeza, mas... já era um precedente. Era por ali que o jogo começaria.

É quando chega o PEIXOTO. Peixoto era um polícia, três lapas no ombro que, na menor das hipóteses, bancava aquela ninfômana e bem torneada – que até parece que queria sempre mais aventura e mais dinheiro. E já cegou perguntando: “QUE NEGÓCIO É ESSE? Que negócio é esse? Aí o simpatia, aquele dos óculos escuros e do jipe branco e sem capota, viu-se como dizia a rapaziada: “de saia justa”. E, no puro “safo”, declarou: Nada não, senhor; eu já estava de saída.” E cascou fora! E pegou o jipe sem capota e se mandou. Peixoto então, foi lá fora, e ainda pôde ler o quanto estava escrito e desenhado no jipe branco sem capota: CARCARÁ – PEGA MATA E COME!!!

A MESA DA DIRETORIA:

Aquele clube da indústria realizava festas que eram uma enchente torrencial! Era aquele tempo daqueles bailes de radiola e discos de vinil. Aqueles bailes faziam parte da saborosa cultura de um tempo. A portaria era um gargalo terrível, qual o acesso a um útero e disputa de milhões de espermatozoides. Era assim.

No clube havia a MESA DA DIRETORIA. Na mesa os próceres do clube, ao comando do Serviço Social. Assessores, seguranças, auxiliares, etc. Nessa trinca tinha o negão e com ele sua mulher uma loura – simpática, sorridente, nada de se jogar fora. Negão era um tipo “fiscal do baile”. Uma autoridade, no recinto! De quando em vez, aleatório, o negão se levantava e saia pelo salão, na vigília e à espreita de quem estivesse dançando assim um tanto “imoral”.

E quando isso acontecia, negão de dedo em riste: “Tu aí, tô te vendo, tu dança direito, isto aqui é um clube social, um ambiente de família. Tu dança direito senão eu te boto pra fora”. Negão saía dali e ia para a outra banda do clube para a fiscalização e... novamente... “Tu aí, tô te vendo, tu dança direito, isto aqui é um clube social, um ambiente de família, Tu dança direito senão eu te boto pra fora”. E segue o baile!!!

E quando voltava à MESA DA DIRETORIA, era logo que tinha alguém convidando a sua loura sorridente para dançar. Aí negão ficava fulo da vida e metia bronca: “Oh! Oh aí! Chamando minha mulher para dançar! Te mira, vagabundo”. E então garboso e dono da situação, mas assim um tanto ferido, sentava-se à MESA ao lado de sua sorridente e simpática mulher.

Enquanto isso a radiola tocava: ... Quem tiver mulher bonita / Esconda do gavião / Ele tem unha comprida / Deixa os maridos na mão / Mas viva quem é solteiro / Não tem amor nem paixão / Mas vocês que são casados / Cuidado com o gavião /// Os culpados disso tudo / São os maridos d‘agora / As mulheres andam na rua / Com as canelas de fora / Gavião sentindo o cheiro/ Vem descendo sem demora / Pega a mulher pelo bico /  Bate asa e vai simbora...

* Viegas interpreta e questiuona o social.
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