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20/08/2022 às 00h00min - Atualizada em 20/08/2022 às 00h00min

EU SOU DO TEMPO...

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
...em que homem namorava e se juntava e se casava com mulher; em que os filhos - eram filhos de homem com mulher; do tempo em que mulher respeitava marido e até vivia com esse marido pelo resto da vida. Eu sou do tempo em que filho respeitava pai e mãe e tomava a bênção a pai e mãe; nesse tempo pai respeitava a sexualidade da filha, assim como os tios respeitavam a sexualidade das sobrinhas.

Sou do tempo em que filhos obedeciam aos pais; que o pai dizia ao filho, senta e o filho se sentava; dizia ao filho, levanta e o filho se levantava. Sou do tempo em que o filho ao casar-se, haveria que ter trabalho meios e condições para sustentar a mulher. E filhos que viessem. Nesse tempo filhas ou filhos nem pensar em “transar” com seus namorados ou namoradas na casa dos pais.

A esse tempo moleque nem pensarem olhar ou jogar uma pedra, na fruteira do vizinho. E ai daquele que, furtivo ou sem autorização pegasse uma fruta do vizinho ou de quem quer que fosse. Nesse tempo moleque “mijava no caco” e até poderia cometer das suas, mas... se pai ou mãe soubesse... tinha uma taca garantida!

Eu sou do tempo em que menino não passava sequer por perto de conversa de pai ou mãe, nem ficava ouvindo, nem se metia pelo meio de conversa alheia, nem desmentia pai e mãe. E se numa visita, menino ao menos ficasse por perto, bastava o olhar “pelo rabo o olho” e aí... depois que a visita saísse, tinha “acerto de contas”.

E se tivesse um “mal feito”? E se tivesse uma queixa? E se tivesse uma reclamação? E se o moleque “bulisse” com qualquer coisa alheia? Ou não cumprisse a tarefa? Ou desrespeitasse o/s mais velho/s, ou não tomasse a bênçãos aos mais velhos? A taca tinha serviço. E “serviço bonito”. Mas... OS TEMPOS MUDARAM.

RECONHEÇO AGORA que esse tempo era “o tempo da roda quadrada”. Do botão de sola. Tomar a bênção aos mais velhos, respeitar os mais velhos, obedecer a pai e mãe, não transar no quarto ao lado de pai e mãe; nem “bulir” com o que não é devido, respeitar professor(a), não falar pornografia, nem escrever ou desenhar pornografia, isso é do tempo da RODA QUADRADA. Os tempos mudaram...

 

GENTE QUE FAZ

Existe uma figura aqui na cidade que em todas as manhãs, ele passa gritando o CUSCUZ que vende. Ele me desperta a atenção pela fidelidade, pontualidade e compromisso com que executa o seu trabalho. Vejo então que ele seria um bom tema para o meu tema GENTE QUE FAZ, uma “variante” destes... CAMINHOS POR ONDE ANDEI. Corpulento, ele grita a todos os pulmões o seu cuscuz e me passa a viva impressão de quem tem dedicação ao seu trabalho. Ocorre, porém, que às vezes em que tentei marcar uma “entrevista”, restou-me a evasiva noção de que ele nem me olha nem me vê. E isso me despertou um entrave. Quem sabe um dia, talvez, vou fazer com esse vendedor de CUSCUZ, por aqui um... GENTE QUE FAZ.
 

CADÊ?

A mulher do cheiro verde que com sua enorme bacia na cabeça, não passou mais por aqui?  Aquele outro que vinha de DAVINÓPOLIS e passava com o seu carrinho de cheiro verde também não passou mais por aqui, aliás um meio de vida da família: ele, mulher e sogra. Cadê aquele outro eu vinha do outro lado, das bandas do Embiral com o seu carrinho de mangas, que também não passou mais? Tinha também aquele outro que passava com um carrinho de mão cheio de guloseimas diversas: mangas, banana, laranja e até queria namorar a mocinha da vizinhança, esse também porque não sei, também desapareceu.
 

“CHATÔ DA VÓ”

É bem verdade que em Imperatriz temos motéis diversos com as sofisticações que comportam a cidade. Tem dois na BR que “entraram pelo cano” com a duplicação da Rodovia. Um deles, pior ainda. Além do poeirão em que há muito tempo estão submetidos, também restaram “inviabilizados”, tal o desnível entre o portão de entrada e a Rodovia à sua frente, lá em cima.

Mas o pioneiro mesmo dessa “prestação de serviço”, foi o CHATÔ DA VÓ, que ficava no Bairro do Cacau, nas proximidades da Rodovia. A esse tempo, além dos indesejados encontros “cara-a-cara” pelos corredores e dos expostos bate-portas, um sabonete partia-se em quatro pedaços, um para cada casal, mais uma toalhinha para a ocasião e... uma bacia de água para a serventia dos usuários. E VÓ lá, dando as ordens do terreiro, sentada a uma cadeira de frente para quem entrasse e recolhendo a grana, com a aquela sua voz rouca de uma quase septuagenária E o filho da Vó, lá, auxiliando a Vó, quer dizer, a sua mãe. Velhos tempos. Promíscuos, irresponsáveis ou tempos inocentes?  Fosse o que fosse, mas o jogo era assim...

* Viegas questiona o social
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