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25/06/2022 às 00h00min - Atualizada em 25/06/2022 às 00h00min

LAMPARINA’s DE FESTA

(uma novela da vida real)

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
Todo o mundo que chegava por ali e não se sabia de onde procediam, ou diziam que era “cearenço” ou diziam que vieram da “beira do campo”. Pois é: vieram da beira do campo! Não era que fossem “forasteiros” ou “malfazejos”, como da linguagem popular. Isso não. Mas, enfim, chegaram já criados, no lugar, na corrutela.

Não era uma “quêra” de irmãos. Isso não. Era só três. Tereza de Anja, Domingas e Mané Corinho. “Mané Corinho”, não me pergunte por quê.   Brancos de olhos azulados, principalmente a Domingas, a do meio. Jovens, em idade de trabalho, mas até parece que ninguém botava fé. Tinham uma certa fama de que não eram chegados ao trabalho roceiro que era o trabalho comum de todos ali na currutela  e por todos os outros “pavoados” mais adiante.

Uma coisa, porém, era certo: Gostavam de festa, que era uma beleza! Toda e qualquer festa que tinha por ali, lá estavam os três irmãos fosse a caminho da festa – na ida ou na volta - fosse na própria festa. Tereza, a mais velha, ia à frente, Domingas de Anja, sua irmã, mais atrás. Por último, como o guardião da trinca, ia o homem da família - o Mané Corinho, sempre com um “cacetinho” nas mãos. Aquela pequena vara era uma arma de defesa em caso de ataque de cachorros à frente das casas por onde passavam.

Tivesse por ali uma farra de caixa, uma festa de São Sebastião, um baile de são Gonçalo, uma festa de Santa Luzia, um “jantar de São Lázaro”, um ensaio de bumba boi ou até mesmo uma boiada (em noite inteira), lá estavam os três: Tereza de Anja, Domingas sua irmã e o caçula Mané Corinho. Todos quietos, comportados, na deles.

Nas festas de baile, os três ladeavam-se entre si, à espera de quem viesse. Domingas a irmã mais nova, tinha mais facilidade em encontrar um par que lhe levava pelo barracão, saracoteando no forró. Mas não era lá essa coca-cola toda. Tereza de Anja, coitada, essa ficava à espera, até que um voluntário desgarrado lhe chamasse à dança. Do que ela, fosse quem fosse, nunca se “arrenegava”. E Mané Corinho que já deixara a sua pequena vara encostada a um canto, escondida, para pegá-la volta, estava sempre de pé, sozinho, como à vigília e espreita das irmãs. Mas tudo muito simples, quanto simples eram os três irmãos.

Ao fim da festa, amanhecido o dia, sem terem comido sequer um bolo ou bebido um café ou ao menos um guaraná, senão uma eventual e disponível água do pote, lá se vem os três pelo caminho esticado, por vezes molhado, atolado, em pés no chão: Tereza de Anja na frente, Domingas em seguida e Mané Corinho mais atrás, sempre de posse de uma pequena vara, objeto de sua defesa.

E o povo na velha língua do povo, metendo-lhes a língua e chamando-os de *LAMPARINA DE FESTA* E lamparinas de festa ficaram pelo resto da vida e eles nem aí, pois que continuaram às voltas das festas pelo resto da vida.
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GENTE BOA!!!

Sabe você,  gente boa, aquele leitezinho da moita que você compra por aí, nos bairros, pelas esquinas e feiras da vida? Pois é, gente boa, esse leite que vem de Cabral até aqui, a Vigilância Sanitária (???), dele se benze, do tipo: Credo em Cruz, Ave-Maria. Um tempo aí atrás, fizeram umas firulas e o leite da moita desapareceu. Se lembra, não é? Agora ele tá por aí com a corda toda.

Mas esse não é o problema, gente boa! O problema é aquele “litro de dois litros” que a negrada junta até no lixão, servido que foi até mesmo de outros tantos leites da mesma espécie e outros marafos por aí. Aí você, gente boa, vai lá, compra esse leitezinho e leva para a patroa e para as suas crianças, aquelas que vão para a escola com você segurando à mão. E até você mesmo se empanturra na hora do café. Cuidado gente boa, esse leite não dá pé. Quer dizer: não tá com nada.

FALANDO NISSO...

Faço as contas agora e vejo que IMPERATRIZ tem 170 anos. Redondos. De Frei Manoel Procópio, até aqui. Olho para o tempo e vejo que são 170 anos que os ratos infestam o Mercadinho e que os pombos infestam a Feira do Bacuri, esta também tomada pela SUJEIRA PÚBLICA. Uma imundice que quais as tantas caras, precisa ser lavada com vassoura, água e sabão. E muita soda cáustica! E que por aí tudo faz 170 anos que não se lava uma caixa d’água, nem se combate os ratos, nem se evita os pombos que, como sabemos, todos eles são transmissores de doenças. E haja convivência tolerante, contumaz, acostumada e pacífica. E você gente boa, ainda corre o risco de votar errado na hora de votar.

* Viegas questiona o social.
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