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09/04/2022 às 08h59min - Atualizada em 09/04/2022 às 08h59min

A MORTADELA DA SOPHIA

NAILTON LYRA

NAILTON LYRA

O Doutor ​NAILTON Jorge Ferreira LYRA é médico e Conselheiro do CRM/MA e Conselheiro do CFM representando o Estado do Maranhão


    
Idos de 1972, a italiana Sophia Loren no auge de sua forma, exuberante, linda, morenaça, estrelou um filme chamado La Mortadella (A Mortadela). Eu em Sampa, no mercado municipal, que a maioria de nós, conhecemos, vi aqueles enormes sanduíches paulistas de mortadela e me veio a memória o filme, quando ela chegava aos USA com uma mortadela enorme e era impedida de entrar pela vigilância sanitária americana, transforma-se o fato em um incidente diplomático, entre os americanos e italianos, que termina envolvendo até a Máfia. Uma comédia agradável de assistir.

Mas isso também me fez lembrar dos chamados malefícios dos alimentos embutidos, considerados alguns dos vilões de nossa alimentação.

Provavelmente você já ouviu a frase: “você é aquilo que você come”. Embora seja considerado um jargão, esta frase contém verdades. De fato, aquilo que ingerimos interfere, e reflete, diretamente em nossa saúde. Por isso, cuidar bem de nossa alimentação é fundamental para uma vida saudável.

E o que são alimentos considerados embutidos? Os considerados alimentos embutidos são carnes que passam por um processamento industrializado que mudam seu sabor e textura em etapas que envolvem salgamento, cura, fermentação e, em alguns casos, defumação.

Eles são produzidos a partir dos mais diversos tipos de carnes, vísceras, sangue de animais utilizados na sua produção; muitos deles estão presentes em nosso cotidiano como presunto, peito de peru, blanquet de peru, mortadela, morcela, salame, salsichas, linguiças, hamburguês, rosbifes industrializados, speakers, chouriços tender, salsichão, carne enlatada e alguns outros.

Esse alimentos são triturados, homogeneizados e embutidos sob pressão em tripas animais ou artificiais para proteger dos efeitos externos. Eles surgiram em uma época em que não havia a refrigeração para adequada conservação, sendo utilizado a adição do sal. Hoje, além do sal, recebem corantes, aditivos químicos (nitratos e nitritos que mantém uma cor vibrante, açúcar, temperos artificiais e gorduras saturadas,  além do que serem utilizadas partes dos animais que seriam descartadas, ou seja pouco nutritivas.

E quais os riscos dos embutidos a saúde? A OMS emitiu advertência sobre o consumo excessivo, concluiu que 50 g  desse alimento consumido diariamente (4 fatias de presunto ou uma salsicha) aumenta em 18 % a chance de desenvolver um tipo de câncer, já um estudo da Universidade de Glasgow, Escócia apontou que o consumo de 9 g de embutidos (uma fatia de mortadela tem 13 g) aumenta em 21 % a chance de uma mulher ter câncer de mama. Também se relacionam com câncer de  pâncreas, colo retal, estômago e próstata. O consumo sem risco a saúde seria de menos de 50 g / dia.

Vamos voltar à Sophia e a sua mortadela. Primeiro, de onde surgiu a mortadela? É de origem italiana, da Bolonha, e por isso é também chamada de Bologna. No Brasil é relacionada à péssima qualidade das carnes utilizadas, as quais trazem um mistério em sua origem dessa  (e é melhor não saber). Dizem que é o rebotalho  da indústria frigorífica.

Situação bem diferente da mortadela italiana, principalmente a da Bolonha, onde representava a riqueza dos mercadores. Tem o mesmo jeitão da nossa, mas o sabor é suave, sem agressividade de especiarias acrescentadas e de cor rosada. É proibido usar carne de desossada, somente carnes especiais, mas o toque final é o prazer e o amor dos bolonheses pelo seu produto, servida em finos restaurantes.

Não tem agressividade no sabor como o produto brasileiro, o qual ficou mal afamado por sua utilização em uma campanha política.

Bem, se La Mortadella da Sophia prestava ou não, jamais o saberemos pois não havia o rótulo de sua origem no filme.

Mas a Sophia... ah! A Sophia, em 1972...  “ma che bella Donna, mi manchi, madre mia!
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