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02/04/2022 às 00h00min - Atualizada em 02/04/2022 às 00h00min

NO LIXÃO, DO LIXÃO E PARA O LIXÃO

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
Por último, passei no LIXÃO oficial da cidade umas duas vezes (quatro vezes em ida de volta). Observo que lá tem um casal que até parece que, em tempo integral, vive no lixão, do lixão e para o lixão. O homem, a mim me parece que assume no seu físico, todas as intempéries e inconveniências e o malgrado que é o LIXÃO. Ao passo que a sua mulher que igualmente labuta ali - uma mulher pequena, miúda, está sempre trajando um jaleco branco que à distância, me parece limpo. Não sei.

Passei ali a quarenta por hora mas aquela mulher pequena, jaleco branco que se me parece resignada com a vida que leva nas entranhas e cercanias do LIXÃO, se foi atravessada na minha mente, qual se eu tivesse vontade de voltar, de conversar com ela, de lhe fazer mil perguntas. Mas aí já ia longe e a minha impetuosidade de quem não costuma voltar, não me deixou voltar. E fui tocando, singrando o estradão de tantos caminhões a serviço da celulose. Uns que eu os encontrava e desviava, outros que para atrás eu deixava. E fui embora. À noite aquela mulher pequena que vive no lixão, continuava atravessada em minha mente. Era o meu lado “questionador do social” que me cobrava rever, entender e sobre aquela mulher, escrever.

Semana passada, novamente, voltei por lá. Aquela tensão de tantas lembranças e cobranças, em mim já havia se dissipado, mas... quando passei pelo lixão, eis que tudo recomeça novamente. Sigo numa marcha em segunda, passando devagar em meio a urubus que se espraiam no asfalto, quais os humanos, disputando, barafustando no lixão. Preocupa-me um incidente. Vejo que a mulher pequena, aquela do jaleco branco, agora não está lá. E até aquele casebre pequeno e baixinho que me pareceu ser sua casa (?), está fechado. Nem o seu cachorro estava por perto, como d’outras vezes.

Na volta, novamente, vou devagar, vou perscrutando, olhando, observando, tentando revê-la mas ela não estava lá. À qualquer hora por lá, novamente, vou voltar. E se eu encontrá-la e ela me der a oportunidade de lhe perguntar, então eu vou escrever um texto e por aqui vou publicar.

- Eu olho uma mulher dessa/s e vejo que na vida, por aí, muitas pessoas precisam tão somente de uma oportunidade, de uma alavanca para impulsionar. Mas...  enquanto a sonhada oportunidade não chegar, oportunidade que talvez nem se sonhe mais, ou ainda que nunca se tenha sonhado ou ainda que nunca chegue, as pessoas cortando e rasgando, vão sobrevivendo a duras custas, a duras lutas, aos trancos e barrancos nos lixões da vida por aí. Lixão! Um prato amargo e difícil, duro e cru, do qual já se  serviu tantas vezes a alma deste escriba, dando vazão e razão a este  inquieto questionador do social!

E se o lixão para uns é um inverno ou um inferno; se para outros o lixão é verão, chance, uma solução – para muitos é sobrevida, é meio de vida. É a própria vida. Vida sofrida, difícil mas... enfim... a vida.

CAPIJUBA:  O EMBAIXADOR
Nomeei o CAPIJUBA, diagramador aqui de O PROGRESSO, como o meu “Embaixador” perante a Editoria do Jornal. Sua função é fazer a mim lembrar para não esquecer de os meus textos para o jornal, semanalmente, enviar. “Seu CAPIJAS”, (como amistosamente eu o trato), rente no batente, quando é quarta-feira, já me telefona, dando duro: “Oh! Não vá esquecer de enviar o seu texto”. Determina. – Peraí, Seu Capijas, hoje ainda é quarta-feira, te segura, ainda tem tempo pela frente. Capijas não perde a pose e confirma o seu ditame: “Compromisso é compromisso. E então não pode perder o compromisso”.

Noite dessas, dez da noite, recebo do meu Embaixador uma cobrança, via WhatzAap: “Não vá esquecer o texto. Obgdo”. Capijas é esse cara. Simplesmente demais! Estiloso e tudo o mais! (Não pratico esse dialeto, mas, Obgdo pra você também, Seu CAPIJAS).

CONSTRANGIMENTO
Era uma da tarde. Pelas ingerências da vida, estaciono em frente a uma LOJA AMARELA, na Avenida Bernardo Sayão, aqui na urbe. Enquanto o amigo vai ao Banco, eu fico a espreitar mercadorias e objetos da loja, onde já estive por outras vezes, em pequenas compras. No geral, seus produtos me interessam. Logo eu que, costumo me apresentar como “inventor”. E, na loja tem tudo o que um “inventor” como eu, precisa. O ambiente na loja é de silêncio, deserto. Não há movimento. Só eu estou por ali. Logo o balconista, um moço que sempre-sempre, costuma ficar ora em frente ao computador, ora  grudado ao celular, quais tantas vezes assim já o vi por lá.

- Agora ele monitora os meus passos. Se estou num lugar, logo ele, disfarçado, está de olho em mim, numa reta entre prateleiras. Se dou mais dois passos ele, novamente disfarçado, está rente de olhos nos meus passos. Senti-me duramente constrangido, ferido, doído.  Então a ele me dirigi: Tirei a máscara do rosto e me identifiquei: “SOU CIDADÃO. Não sou ladrão”. Olha a minha constrição!!! Agora eu me pergunto como será possível eu voltar àquela LOJA AMARELA da Avenida Bernardo Sayão??? E então pelos desvarios da mente acabei por lembrar de uma música d GIL, anos 1960, que diz: “Bem que eu me lembro/  Da gente sentado ali / Na grama do aterro, sob o sol /  Ob-observando hipócritas / Disfarçados, rondando ao redor”

EVASIVAS:
I - No ano de 1969 – faz 53 anos, tive a honra de receber, de muito bom grado, um inusitado convite para participar de um programa na Rádio EDUCADORA/AM, na capital. Era um tempo colegial. Mais do que uma honra, um exercício, uma confraria. Uma audiência e tanta  naquelas inesquecíveis tardes de domingo. E tudo muito legal.

O programa semanal era uma “oficina” - uma vitrine saborosa! Eu escrevia crônica/s, comentava sobre o dia a dia da cidade: Serviços, transporte urbano, trânsito, eventos culturais  (bumba-boi, quadrilha...).  E mesmo sem entender “patavina” de música, ainda dava os meus palpites. Também sobre usos e costumes. A única desvantagem é que “o programa tinha mais cacique do que índio”. Diria eu, depois.

II -  Gilberto Gil, na canção AQUELE ABRAÇO, entre outros ele diz “... Pra você que me esqueceu, aquele abraço”. Quais os locutores de rádio, e por último das transmissões esportivas na TV  quero aqui mandar um abraço para o “JOAQUINHO” do Parque Gráfico, aqui do Jornal O PROGRESSO;  para o Gonzaga da Beira Rio, o Gonzagão, o mais incensado ouvinte do Programa Clube da Saudade, na mirante/AM,  nas manhãs de domingo. Um rádio amador, sem fronteiras. Inteligência acima da média!

III - Abração para o Coronel Ferreira, ex-diretor da CIRETRAN local. Ferreira me dá a honra da leitura desta leitura semanal. Ele que foi meu colega no curso de Oficiais da PM/MA., com ingresso em 1969, em Fortaleza-Ce. Ele que assistiu ao meu inflamado e inflamente discurso de “trote”, na noite de chegada. Curso de Oficial/PM,  que   deixei para seguir  vida e carreira civil.

IV - Abraço para a PROFESSORA NILZA LAGO, educadora que foi minha colega de magistério, ao meu tempo saudoso e pranteado de Ginásio Bernardo Sayão. Ginásio que teve em sua direção o pranteado Dr. JOSÉ DELFINO SIPAÚBA (Doutor Sipaúba), então Juiz da Vara da Família por aqui. Dr. Sipaúba das minhas saudades. Abraço também para a Professa EVANE ARAÚJO e Família, honra e dignidade, competência, modéstia e humildade. Sempre! Amém!

CHICO BRASIL:
Conheci o Chico Brasil, por aqui, em meados da década de 1970, quando ele, então, salvo engano – era cobrador da Loja Pernambucana. Ou do Armazém Paraíba?  De lá para cá, em parte, se é que posso dizer, vi os degraus da vida em que o CHICO fez  ascensão até tornar-se “caput” do CLUBE DE DIRETORES LOJISTAS, local.

A última vez que o vi, foi por volta de dezembro de 2021, no Aeroporto local. Chico estava numa cadeira de rodas. A ele me dirigi e conversamos longamente. Na oportunidade ele dirigia-se com destino ao HOSPITAL SARA KUBITSCHECK em São Luís,  de cujo hospital e sua referência guardo na minh’alma e no meu sentimento o maior respeito e admiração, embora de suas vicissitudes eu só e apenas tenho ouvido falar.

 – Na oportunidade, escrevi um tema “pluri”, nesta semanal, intitulado “NO AEROPORTO”. E numa das  falanges, CHICO era ali o meu personagem.  CHICO, aonde anda você? Como vai você? Onde você estiver e como você estiver eu te desejo SAÚDE na tua vida e PAZ no teu coração.

- E, como na canção de Gil:  “Pra você que me esqueceu/Aquele Abraço”. E, para fechar esta edição, lembro que no próximo  final semana, o meu e nosso homenageado aqui nestes... CAMINHOS, em GENTE QUE FAZ,  é ele -  SEU JOÃO DA FARMÁCIA. Sim, porque “SEU JOÃO DA FARMÁCIA É GENTE QUE FAZ”.

* Viegas  (é o pássaro sobre o galho) questiona o social.
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