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19/02/2022 às 00h00min - Atualizada em 19/02/2022 às 00h00min

Intolerância à lactose

NAILTON LYRA

NAILTON LYRA

O Doutor ​NAILTON Jorge Ferreira LYRA é médico e Conselheiro do CRM/MA e Conselheiro do CFM representando o Estado do Maranhão


  
Afinal, o que é mesmo isso? Primeiro vamos explicar o que é a lactose, depois a sua intolerância, diagnóstico, sintomas e tratamento, já adianto que o espaço é curto para tudo isso, mas vamos a uma síntese.

A lactose é um açúcar exclusivo do leite produzido por qualquer mamífero é o responsável por aquele leve gostinho adocicado presente no leite e nos seus derivados, essa molécula vira energia ao ser metabolizada. Para ser devidamente aproveitada, essa molécula tem que ser quebrada em outras duas a galactose e a glicose e para esse processo é necessário uma enzima chamada de lactase presente em células do intestino delgado.

E a tal intolerância? Ela aparece justamente quando o organismo não produz lactase em quantidade para metabolizar toda a lactose ingerida, com isso existe uma sobra desse açúcar na luz intestinal ele é fermentado por bactérias intestinais provocando mal estar por excesso de gases e diarreia.

O problema surge com uma esperada diminuição na produção de lactase, a enzima de metabolização da lactose enquanto envelhecemos. O bebê que se alimenta exclusivamente do leite materno tem um nível elevado de lactase, a partir do crescimento e em torno dos três anos de idade quando entram em cena outros alimentos o eixo cérebro intestino percebe essa diferença com uma oferta menor de lactose e uma consequente queda na produção da lactase. Mas, não sabemos exatamente o porquê, em algumas pessoas essa redução é mais acentuada do que em outros ficando o organismo despreparado para uma oferta maior de leite e derivados.

Essa é a causa mais frequente de intolerância, seu diagnóstico é feito por um exame de sangue onde se oferta a lactose e medimos a elevação da glicemia no sangue, sendo uma elevação da glicose esperada o padrão normal, quando não ocorre temos a intolerância.

É chamada de hipolactasia do “tipo adulto”.

Mas o melhor exame para essa intolerância é a oferta da lactose e a medida o hidrogênio expirado pelos pulmões e medido através de um programa de computador, possui melhor exatidão.

A outra intolerância desenvolvida está presente em pacientes com moléstias inflamatórias intestinais, que reduzem à área de absorção intestinal, são exemplos a doença de Crohn e a Colite Ulcerativa. É chamada de intolerância secundária a lactose.

A outra forma é a intolerância congênita a lactose, enfermidade extremamente rara, de origem autossômica recessiva, incidência de 1:60.000 nascidos vivos, potencialmente letal principalmente quando não existiam substitutivos eficazes do leite e incidência maior em pessoas de origem nórdica, Finlândia, p. ex.

Outra fonte e preocupação relacionada ao consumo de leite é a alergia a leite, principalmente de vaca, que é frequentemente confundida com a intolerância, a observação dos sintomas leva ao diagnóstico já que é uma reação alérgica que ocorre em lactentes logo após a ingestão do leite com sintomas respiratórios, asma, rinite, dermatites, vômitos, cólicas diarreias déficit de crescimento 50 % dos casos curam com até 12 meses e 90 % com até um ano.

E o tratamento, baseia-se única e exclusivamente na eliminação da lactose da dieta do paciente. No caso de lactentes deve-se usar formula pré-preparada isenta de lactose, naqueles indivíduos que fazem uso de dieta sólida, eliminar da alimentação os produtos lácteos substituindo-os por outros produtos à base de leite, porém com baixíssimas concentrações de lactose, tais como queijos e iogurtes, os quais são ricos em cálcio, apresentam a lactose parcialmente hidrolisada e ainda podem conter Lactobacillus, que auxiliam na fermentação e metabolização da lactose. A indústria alimentícia dispõe no mercado de leites com a lactose hidrolisada em 80 % sendo indicado para os pacientes intolerantes, pois torna a ingestão praticamente assintomática. A suplementação enzimática de lactase, em cápsulas, feita de forma diária, é uma alternativa que permite aos intolerantes o consumo de laticínios normalmente, sem sintomas gastrointestinais. No Brasil, a lactase sintética é de origem microbiana, não existe consenso sobre a dosagem a ser utilizada. Os probióticos são utilizados na redução dos sintomas por produção de uma enzima análoga a lactose, mas também não existe um consenso sobre sua utilização.

Matéria complexa e cheias de dúvidas é uma rotina em clínicas de gastroenterologia, uma boa orientação trará bons resultados.
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