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12/02/2022 às 00h00min - Atualizada em 12/02/2022 às 00h00min

DEUS DISSE A CAIM...

BANDEIRA NETO

BANDEIRA NETO

Nelson BANDEIRA NETO é cronista e funcionário do SESI-Serviço Social da Indústria, ex-vereador por Imperatriz (MA)

 
No livro de Gênesis tem uma passagem bíblica:

- E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca pra receber da tua mão o sangue do teu irmão.

Depois dessa desdita gerou o enredo do filme “DEUS DISSE A CAIM”... um faroeste italiano dublado, enredada por Gary Hamilton, que sai atrás dos homens que o incriminaram.

Portanto, protagonizei este vocativo para refletir e mostrar a ramificação daqueles idos em que Imperatriz era provinciana...

Onde cada um fez o que lhe deu na telha.... que ainda não perdeu todo o “ranço” da maledicência dos valentões.

Então, juntei-me com um amigo e reinstalamos o cinema da cidade com o mesmo nome de “Cine Muiraquitã”, ali perto da antiga praça “Castelo Branco”, hoje da Cultura.

Depois de observados todos os detalhes e pormenores, reformemos o antigo casarão e marcamos sua inauguração.

Agora, eis a questão...

Qual seria a produção no contexto da cinematografia, a fim de criar sentindo ou emoção para o espectador?

Desde aqueles tempos, arraia-miúda sempre gostava de  uma arruaças –prova - que todos andavam armados com a exposição de cartucheiras apinhadas de balas.

Somente para bagaceira agitação, fuzuê e chafurdo; não matava ninguém; mas qualquer comemoração de santo e festejo, o cano do “pau de fogo” ficava cor de brasa (PA!PA! PA!)...

Não tinha foguete… Caramuru ainda estava de lua de mel com a índia Paraguaçu, em Cachoeira na Bahia.

Depois dessa filtragem, detectamos que a série preferida seria o “faroeste”, por se tratar de contos rústicos caboclos desbravadas para o estilo do audiente provinciano.

Tudo ajeitado; peguei um avião (AVRO) via Varig, fui a Recife (PE) firmar um contrato para fornecimento de filmes para nossa empresa cinematográfica.

Compromisso acertado; trouxe comigo o filme para a inauguração daquela casa de diversão intitulado “Deus Disse a Caim”...

Plateia chegando, cine “scope”  tela cheia, muitos fanáticos por tiro, disputa a bala, muita ação a gosto do público, cilindro cuspindo chumbo.

Em dado momento, chega um moço, alto, com chapéu de massa, com bigode tipo peruca labial, portando na cintura uma cartucheira e um revólver calibre 38 no coldre, além de um punhal cabo de cobra coral.

Escolheu seu assento à frente da tela de exibição.

Filme rodando; na metade, é iniciada uma cena de uns arruaceiros montados a cavalo e numa disparada para agarrar seu inimigo no “longa-metragem”...

Ah, meu amigo! Quando o bandido sacou de sua pistola na tela, o espectador, daqui sentado, puxou numa rapidez seu “três oitão” e sapecou, dando um “tiro” no meio do cinético, derribando pedaço do reboco da parede pintada para fixação do painel.

Foi um deus nos acuda. Alegando que o jagunço do entrecho ia lhe dar uns tiros… Portanto, atirei nele primeiro para evitar minha infortuna morte adiantada (sic)... Tem rumo!

Resumo:

Sessão encerrada, por conta deste episódio propriamente provinciano e costumeiramente aceito pelos transeuntes da sucessão hereditária do continuísmo...

Exemplificativamente sua história foi marcada com lembranças frescas, como “terra da pistolagem” em busca de patrimônio perdido, com total desrespeito à dignidade humana.

Quando se configura, ainda, o ranço, foi vivenciado no passado sangrento antiquado obsoleto e eivado de sentimento ameaçador de rancor – negativamente -, manchou sua história de hábitos e costumes.

Fora o filme, Imperatriz viveu um período muito temerário, ao ponto de encontrar como slogan...

“Antes de sair em busca de vingança, cave duas covas”.

    Misericórdia, Senhor, Misericórdia!
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