Harmonia e independência
“Mão estendida, ouvido atento e coração aberto”. Estas palavras podem ser extraídas por quem ouviu o prefeito Assis Ramos durante a abertura dos trabalhos legislativos na Câmara de Vereadores, na manhã de ontem. Ao iniciar, o gestor falou de sua emoção ao retornar àquela casa prestando homenagem - in memorian- ao vereador Buzuca, indicado por este ao título de cidadão imperatrizense, “em nome de quem me solidarizo com todas as famílias imperatrizenses vitimadas pela Covid, doença que abalou e ainda abala nossa cidade”. Ao citar seu antecessor na Tribuna, o vereador Adhemar Freitas, que havia destacado ser o “fervor das falas entre os vereadores, muitas das vezes, divergentes, parte da atividade parlamentar como uma busca por melhores resultados”, Assis pregou o respeito a quem pensa diferente, ressaltando que não busca prejudicar ninguém simplesmente por estar do outro lado. Ao final, citou o político e filósofo Montesquieu, famoso por sua tese de separação de poderes, chamando a atenção para a independência e a harmonia entre estes, lembrando que harmonia não é submissão, nem independência é ser simplesmente contra. Ressaltando que a cidade ainda sofre com as cheias, cujas águas baixaram mas o povo, afetado, tem muitas necessidades, Assis Ramos fez questão de reconhecer que buracos estão espalhados por todos os cantos, que o Socorrão precisa melhorar, assim como o saneamento básico numa referência clara à CAEMA. Afirmou que o município precisa da ajuda do Governo do Estado e finalizou: “O prefeito precisa de vocês e a cidade precisa de nós”.
Saindo
Como vinha sendo especulado, o vice-governador Carlos Brandão deixará mesmo o PSDB para se filiar ao PSB. A informação é do próprio, que falou sobre o assunto logo após Flávio Dino oficializar seu apoio. “O nosso campo todo está do outro lado. Não tem ambiente para a gente ficar num partido, com um candidato a presidente [João Dória], apoiando outro candidato a presidente [Lula]”, justificou Brandão. Ele voltou para o ninho tucano em março do ano passado e assumiu o comando estadual do partido, colocando para escanteio o senador Roberto Rocha. Mas agora Brandão se viu obrigado a deixar a sigla para poder garantir o apoio do PT, que não aceita uma aliança com o PSDB. A expectativa é de que, consumada a aliança, o PT indique o candidato a vice-governador. O nome seria o do secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão.
E…
Com a saída de Carlos do Brandão, provavelmente o senador Roberto Rocha articularia sua volta ao comando da sigla no estado. E ser candidato ao governo. Especula-se também que a senadora Eliziane Gama (Cidadania) estaria de olho no partido. E se não lançar candidatura própria, com quem ficaria o PSDB no Maranhão para o governo? Apoiaria Weverton Rocha? Ocorre que o PDT tem candidato a presidente, Ciro Gomes, e o PSDB também, João Dória. E o governador São Paulo precisa de palanque no Maranhão. É aguardar.
E agora?
Com Carlos Brandão fora do PSDB, como ficam o ex-prefeito Madeira e o partido em Imperatriz? Madeira já bateu o martelo em apoio a Brandão, e certamente o PSDB tomará outro rumo. Ele, inclusive, já exerce cargo no governo.
Limpem as gavetas
Quem tem cargo no governo estadual e não apoia Carlos Brandão já pode ir se preparando para desocupar a cadeira, a partir de março. Há muitos aliados de Weverton Rocha que estão na folha e vão ser obrigados a pedir demissão. A não ser que pulem do barco, o que deve acontecer com vários.
Na Assembleia
A entrega de cargo já começou na Assembleia Legislativa. O presidente Othelino Neto (PCdoB) apoia Weverton Rocha e quem ocupa cargo vai ter que entregar. É o caso do ex-deputado Rubens Pereira, que saiu ontem, porque vai apoiar Carlos Brandão. Ele é pai do deputado federal Rubens Jr (PCdoB), que confirmou a saída.