20/11/2021 às 00h00min - Atualizada em 20/11/2021 às 00h00min
A TAPEAÇÃO DE UM MACUMBEIRO
Sempre tive a convicção que a vida termina num ponto final.
Como também entendi que a vida é um conjunto de sentimento e admiração que não resiste...
Você só vive uma vez!
Tudo tem sua hora, seu lugar e sua história.
No usufruto de minha mocidade, por questão de voluntarismo pessoal e coletivo, candidatei-me como “vereador” pela cidade de nascimento.
Fui eleito pela primeira vez com mais de 10% dos votos pela legenda do partido que concorri (MDB).
Terminado o mandato, não pretendi mais concorrer; mas para compor a lista de candidaturas autorizei inscrever meu nome para o pleito seguinte somente para formalidade de número de candidatos.
O prefeito eleito de (1969/1972), além de meu compadre, era muito amigo.
Pelo qual me fez espelhar o desejo, também, de ajudar a cidade contemporânea em defesa de seus próprios interesses comunitários.
Além de político, admirador da “mediunidade” - com visões espirituais.
Passando numa das ruas da cidade, ali próximo da Nova Imperatriz, deparamos com uma casa com a seguinte expressão na parede da frente:
“Fazemos todos os tipos de trabalho e correntes milagrosas”.
Nesse ínterim, o amigo me convidou para participar de uma “sessão espírita” com o intuito de fazer previsão do seu e do meu futuro político.
Fomos lá!
Chegando naquele templo com paredes pintadas de “preto e alegorias assombrosas” em toda sua estrutura física do terreiro, me deixando espantado.
O pai de santo daquela celebração mandou que ficasse de costa-costa com ele...
Entrelaçamos os braços e me deu três rodadas diante do altar do símbolo da fé e deu um berro! – O homi tem o corpo fechado!...
Não adianta macumba, zóio gordo, inveja, trapaça, mandinga, reza braba ...
Mas me alertou que tinha uma linha chamada de tranca rua e que precisava fazer um trabalho de desamarração.
Foi quando me deu a relação dos materiais que deveria adquirir para que o quiromante executasse esse trabalho e poder invocar o “exu e a Pombagira” para atuar.
Tinha que comprar um bode preto, uma caixa de cachaça, doze maços de velas de sete cores, um galo preto e outro do pescoço pelado; 12 metros de corrente e mais defumadores.
Então, fiquei a matutar sobre este pedido para livrar-me das amarras e fazer a limpeza dos fluidos místicos sob os auspícios dos exus!
Não! Não! Deixa mesmo eu com o meu corpo fechado...
Decidi assim...
Será que esse pai de santo mora na zona rural? Vai botar uma quintada? Defumador para espantar muriçoca?... assim me questionei.
Credo! O caminho até chegar você...
...A Tapeação de Um Macumbeiro...
No fundo do quintal do templo tinha um pé de goiabeira com uma cuia cheia de cachaça e uma vela preta acessa ao lado com o seguinte escrito:
“Não mexa com o povo da calunga (entidade espiritual), a cova pode ser rasa, mas a terra é profunda” (sic).
Vixe!
Eh, seu mandingueiro!
Que as ondas de Iemanjá levem suas previsões com seus orixás das águas salgadas para outros médiuns menos ao do corpo fechado.
O mal é o bem desviado...
Muito axé!