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29/08/2020 às 00h00min - Atualizada em 29/08/2020 às 00h00min

CARTA AO DOUTOR SÁLVIO DINO

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.


Meu caro e preclaro Dr. Sálvio Dino – peço que me receba com as minhas cordiais saudações

Qual um Erasmo sentado à beira do caminho, vejo carros e caminhões a passarem por mim. E, como numa crie existencial pego carona no carro da vida e, pelo retrovisor, olho na poeira do tempo, aquele bendito ano de 1973, que foi quando cheguei por aqui neste Tocantins de todos nós. Bendito aquele 1973! E  dali em diante quando eu via você, Sálvio Dino, ora em suas defesas vibrantes e convincentes na Tribuna do Júri em braços aberto qual um Cristo Redentor,  ora sendo recebido por aquele mesmo Juiz com sorriso largo e com tapinhas nas costas de cujos afagos não  tive a mesma sorte.

Eu que,  ainda colegial,  já tinha ouvido falar dos teus inflamados discursos governistas na Seara Assembleiana, na capital, bem como a tua veia nas lides da imprensa gonçalvina e então te vendo  por aqui no Tribunal do Júri, braço abertos qual um Cristo Redentor, eu fazia um ponte naquela imaginária estrada de chão, te vendo pelo retrovisor na poeira do tempo, olhando e bebendo no teu talento de jurista os teus argumentos em defesas  felizes e vitoriosas.

Vi então que ali estava diante de um herói. Mas aos heróis, tantas vezes meu caro Sálvio Dino, a fogueira e a guilhotina. Taí a história! Taí Cristo, o Redentor. Taí Paulo de Tarso, aquele que caiu do cavalo. Taí Joana Darck, na fogueira. Tai Tiradentes o inconfidente, Taí Bequimão, a quem cantaste e decantaste em “LUZIA  Quase Uma Lenda do Amor” (1990). Tai a história e a vida. Tai você, Sálvio Dino!!!

Ainda me lembro meu caro Sálvio, naquela poeira de MAIS DE 40 ANOS DEPOIS, sol a pino do meio dia, quando nos encontramos por aqui você a pé, te ofereci CARONA. E lá vamos nós. Você de plano e sem mais nem menos me sugeriu um convite, com um verbo final: “Você não vaisrecusar”. Você sabe, SÁLVIO, a vida também é feita de divergências. E então te disse NÃO, E lá vamos nós... numa boa...

Na oportunidade, faz quatro anos, o teu ilustre filho ainda candidato ao governo, lembrei então de um nobre gesto por ele praticado quando então Juiz Federal, quando dele FLÁVIO DINO, recebi um telefonema, em nosso escritório,  após ele ter deferido um pleito judicial da minha assinatura. Ao estar em São Luís para receber o documento ainda tentei comparecer ao seu (dele) gabinete para em corpo presente e ao reconhecimento de que ali se fez JUSTIÇA, bem como agradecer pela gentileza do telefonema. Não o encontrei. Fiquei frustrado, mas disse que um dia gostaria de registrar as minhas homenagens, PESSOALMENTE.

Na oportunidade Dr. Sálvio, naquela fase aguda da campanha, você lembrou que haveria um JANTAR em sua casa, com a presença do filho então candidato ao Governo do Estado. E, por motivos alheios à minha vontade, também não estive lá. E, da mesma forma como a ele não o encontrei no gabinete da Justiça, também perdi a oportunidade, quando do jantar. A vida tem dessas coisas!!! Fazer o quê, não é?

Hoje qual um Erasmo sentado à beira do caminho, vendo carros e caminhões a  passarem por mim, eu enxugo o pranto e olho pelo retrovisor. E, na poeira do tempo ainda te vejo nas tantas vezes que te vi: ora nas pegadas da tua vida política, ora você de braços abertos no Tribunal do Júri qual um cristo Redentor, ora nas leitura de LUZIA... a quem cantaste e decantaste o mártir BEQUIMÃO. ora nos memoráveis artigos nas páginas dominicais do Caderno Extra de O PROGRFESSO; ora nas trajetórias da tua vida do quanto a vida me permitiu ver. E  faço votos  que você repouse, na planície dos justos e no Reino Eterno da Paz Celestial. Descansa em Paz, meu preclaro Sálvio Dino. Enquanto isso, aqui... A VIDA CONTINUA..
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Música: SENTADO À BEIRA DO CAMINHO – Erasmo Carlos
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