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21/08/2021 às 00h00min - Atualizada em 21/08/2021 às 00h00min

Câncer de Intestino

NAILTON LYRA

NAILTON LYRA

O Doutor ​NAILTON Jorge Ferreira LYRA é médico e Conselheiro do CRM/MA e Conselheiro do CFM representando o Estado do Maranhão

 

Meu pai e minha avó tiveram câncer de intestino Doutor, como devo fazer para evitar? Quais os exames que devo realizar? Eu e minha família temos que ser vigiados? Como? Tem como detectar através de exames?

Vamos lá, esse é um quadro bem comum em consultórios de gastroenterologia, proctologia, oncologia e cirurgia.

Iremos aqui tratar do câncer do intestino grosso, nada sobre tumores de outras porções do intestino como o jejuno e íleo que compõem o intestino delgado. 

O assim chamado câncer cólon retal afeta as porções do intestino grosso até o reto e anus. Segundo levantamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é o terceiro tumor mais frequentes em homens e o segundo em mulheres, estimou-se uma ocorrência de 17 mil casos novos no sexo masculino e cerca de 10 mil novos casos no sexo feminino em 2019. Um baita problema de saúde pública se imaginar os recursos que serão necessários para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento.

A recomendação entendida pelas diversas sociedades médicas é que pessoas acima de 45 anos, mesmo sem fatores de risco, sejam submetidas à colonoscopia (exame de endoscopia realizado através dos anus, percorrendo toda extensão do intestino que permite imagens e biópsias do intestino com detecção precoce do câncer), em caso de exame normal repetir com cinco anos e antes de completar dez anos do exame, em casos de situações que possam envolver riscos anuais ou bianuais, as situações que podem envolver riscos são achados de inflamação no intestino, chamadas de colites, por exemplo, reto colite e a chamada doença de Crohn) ou a presença de lesões denominadas de pólipos, que são retiradas durante o exame e tem aspectos macroscópicos de verrugas (para o leigo que está lendo entender).

O Câncer colo retal ocorre mais em torno dos 60-65 anos, a maioria dos casos (95%) são s adenocarcinomas, mas existem outros tipos mais raros que serão determinados pelas biópsias.

Doença multifatorial, o fator genético é de importância já que o fato de ter um parente de primeiro grau com câncer colo retal (CCR) aumenta em duas vezes a chance de desenvolver a doença, outras síndromes genéticas mais raras estão envolvidas também. Fatores importantes de risco são a obesidade, dietas com alta ingestão de carnes vermelhas principalmente as processadas e industrializadas como o presunto, salame e outros embutidos, dietas pobres em fibras, baixa ingestão de vegetais e frutas, o alcoolismo e o tabagismo também estão envolvidos. Os sinais que chamam atenção do paciente no CCR são principalmente alterações do hábito intestinal habitual, o CCR é traiçoeiro principalmente no chamado cólon direito, segmento de maior calibre possibilitando crescimento invasivo do tumor antes de sintomas maio ores que são a obstrução intestinal, parcial ou total, o sangramento, a dor abdominal e vômitos nos casos mais avançados.

O tratamento do CCR vai depender de seu estágio, desde a terapêutica endoscópica, aonde pólipos neoplásicos que podem ser retirados com a colonoscopia, a ressecção cirúrgica do segmento afetado seja por cirurgia aberta chamada de laparotômica ou por vídeo chamada de laparoscopia. Dependendo do estágio do tumor será necessário tratamento por quimioterapia e nos tumores de reto a radioterapia que pode ser aplicada antes da cirurgia.

E a pergunta de quem está afetado, TEM CURA? SIM! 90-95 % são curados, mesmo pacientes com doença já metastática, espalhada que são  em torno de 20 %,   inclusive para o fígado conseguem bons resultados. Em situações incuráveis em 2000 os pacientes viviam em média 12 meses, atualmente consegue-se sobrevida de 40 meses.

Outra frequente pergunta é se existe exame de sangue que detecta o CCR, sim existe um exame chamado de CEA (antígeno carcino embriogênico) que pode indicar presença de alterações no intestino, não necessariamente o CCR, mas existem tumores que não elevam o CEA e sua taxa elevada necessariamente é CCR.

Existem alimentos que curam o CCR? NÃO, a chamada babosa (aloé vera) não tem essa propriedade. A melhor profilaxia é evitar os chamados fatores de riscos que já foram relatados em parágrafo anterior e mudança de hábitos alimentares com maior ingesta de fibras, frutas, vegetais e atividade física. Essa mudança pode sim evitar o CCR, mas uma vez diagnosticada a doença a alteração da dieta não terá influência em sua cura. 
 
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