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14/08/2021 às 00h00min - Atualizada em 14/08/2021 às 00h00min

Refluxo

NAILTON LYRA

NAILTON LYRA

O Doutor ​NAILTON Jorge Ferreira LYRA é médico e Conselheiro do CRM/MA e Conselheiro do CFM representando o Estado do Maranhão

Refluxo
 
Doutor tem azia demais! Sou igual a um dragão!  Meu hálito é quente! Tenho mau hálito e a comida volta à boca, é do refluxo?  Refluxo causa câncer? Refluxo mata? E, principalmente como tratar e evitar o refluxo!

Estão vendo a série de perguntas e dúvidas que teremos que ajudar a entenderem ver as verdades e os mitos sobre o refluxo, uma situação que tem como base uma situação que pode evoluir com sérias doenças a ele associadas.

Primeiro vamos ver a causa do refluxo, a principal, pois existem causas secundárias. Esta condição ocorre por um defeito em uma válvula que temos na transição do esôfago com o estômago, chamada de esfíncter inferior do esôfago, chamado inferior porque existe outro esfíncter esofágico superior na entrada do esôfago. Resumindo, um defeito no fechamento (contenção), adequada nessa válvula, chamada de esfíncter, propicia que o conteúdo gástrico, normalmente ácido e a comida retornam ao esôfago e às vezes alcançando a boca produzindo queimação que as pessoas sentem na forma de azia. Mas outros sintomas ocorrem por causa do refluxo, as chamadas queixas laringológicas e faringeias, que o paciente sente na forma do pigarro, e nós chamamos de refluxo supraesofágico, ou seja, ou refluxo atravessa todo tubo esofágico e atinge a laringe, faringe e cavidade oral. Produz sintomas chamados de altos inclusive com lesão do esmalte dentário, lesão até auricular quando adentra um canal que comunica o ouvido ao pescoço chamada de trompa de Eustáquio.

Existem alimentos que prejudicam o refluxo? Sim eles existem notadamente os alimentos gordurosos, mas também cebola crua, alimentos picantes alimentos cítricos tomate, frituras bebidas alcoólicas, bebidas gaseificadas (água mineral com gás), chocolate, hortelã em rápida lista.

Na pandemia SARS COV 2 notamos pelo recolhimento e quarentenas, vários pacientes vieram aos consultórios de gastros e cirurgiões com aumento dos sintomas ou com sintoma recente de refluxo, há uma relação direta entre refluxo e a obesidade.

Mas o refluxo se manifesta no que chamamos de doença do refluxo gastro esofágico com uma série de sintomas e sinais, alguns mais graves outros menos, o principal sintoma e sinal é a esofagite que é classificada em graus, sendo basicamente de A a D sendo progressiva a gravidade dos sintomas e lesões esofágicas.

Essas lesões são adequadamente examinadas com a endoscopia digestiva alta que permite fotografar, classificar as lesões e a realização de biópsias.

Opa!!! Biópsias!!! Por que? Bem, dentre as várias lesões causadas pelo refluxo existe uma que chamamos de esôfago de Barret que se relaciona com o aparecimento de câncer de esôfago, o adenocarcinoma, situação grave de difícil tratamento e de importante mortalidade, requerendo tratamento cirúrgico e tratamento ontológico complementar, essa condição ocorre notadamente quando remos associado a refluxo a presença de secreção biliar na câmara gástrica.

E a bactéria do estômago, h pylori e o refluxo, ela causa refluxo, não, inclusive existem relatos que o tratamento da bactéria poderia piorar o refluxo, já que com a melhora da gastrite do h pylori melhora o padrão secretor do estômago, ou seja, mas ácido com consequente refluxo maior, mas não é simples assim, existem outros fatores.

Só a endoscopia vê o refluxo, Não!!! Existem outros exames importantes inclusive ao tratamento cirúrgico, a pHmetria esofágica de 24 h, a pH impedânciometria esofágica, a manometria esofágica de alta e baixa resolução, o estudo contrastado do esôfago.

As lesões associadas ao refluxo devem ser identificadas como as hérnias de hiato esofágico, a hipotonia de esfíncter, com manometria, eventuais estenoses cicatriciais etc.

Bom e o tratamento? Depende da intensidade, da presença de lesões associadas, da gravidade das lesões, de estudo do esfíncter. A maioria das vezes pode ser conduzido clinicamente com medidas comportamentais, como perda de peso, dieta, evitar comer duas horas antes de dormir, procinéticos e inibidores de bomba de prótons. Quando existem determinadas condições pode-se optar pelo tratamento cirúrgico que é seguro, realizado por vídeo laparoscopia e amplamente realizado em nossa cidade.
 
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