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10/07/2021 às 00h00min - Atualizada em 10/07/2021 às 00h00min

Inteligência Artificial e Saúde

NAILTON LYRA

NAILTON LYRA

O Doutor ​NAILTON Jorge Ferreira LYRA é médico e Conselheiro do CRM/MA e Conselheiro do CFM representando o Estado do Maranhão

 
Quando falamos de Inteligência artificial (IA) parece algo futurista e do século XXI, mas não, esse desenvolvimento vem desde a década de 1920, e talvez antes. Teve grande impulso principalmente nas grandes guerras notadamente na II Guerra Mundial, quem não se lembra de Alan Turing, matemático inglês que decifrou os códigos secretos da Alemanha Nazista possibilitando a inteligência britânica conhecer previamente todos os planos de guerra e táticas alemãs, fez isso utilizando métodos matemáticos, desenvolvendo um super computador com métodos da inteligência artificial. Tema de brilhante filme “jogo da imitação” sobre sua história, bastante triste, devido as injustiças, por ele sofridas por suas opções sexuais, perseguição, segregação, castração química por chamada “indecência grosseira”, que o conduziu ao suicídio, o Governo inglês pediu perdão em 2011 por sua conduta, restituindo todas as honras e títulos.

Bom, quem não viu procure no Netflix e assista, vale a pena !.

Mas voltando ao tema, antes disso, em 1921, o escritor tcheco Karel Čapek produziu uma peça de teatro intitulada R.U.R. (iniciais de Rosumovi Univerzální Roboti). No Brasil, foi publicada como “Fábrica de Robôs”. Ela deu origem ao termo “robô” e apresentou a ideia de seres humanoides artificiais, dotados de certa inteligência, Em 1927 o filme alemão “metrópole” introduz o “androide”.

Em 1943, Warren McCulloch e Walter Pitts publicaram um artigo referenciando redes neurais. Em 1950 McCulloch e Pitts descreveram estruturas de raciocínio artificiais cujas bases eram modelos matemáticos que simulariam nosso sistema nervoso.
 
Seguiram-se os marcos:
• Em 1951, Marvin Minsky desenvolveu uma calculadora de operações matemáticas imitando sinapses nervosas — o SNARC;
• Em 1952, Arthur Samuel desenvolveu um jogo de damas no primeiro computador científico comercial  da IBM, o IBM 701. que jogava damas e conseguia se otimizar por conta própria;
• Em1956, ocorreu uma conferência no campus da Dartmouth College, em que se reuniram alguns dos citados com outros nomes importantes, como Nathan Rochester e John McCarthy. Esse último batizou a área de Inteligência Artificial. Na conferência, também surgiram alguns eixos que conceituaram e passaram a nortear o campo de pesquisa da IA;
• em 1957 , é apresentado, por Frank Rosenblatt, o perceptron. Trata-se um algoritmo que funciona como um tipo de rede neural artificial.
 
Iniciou-se então de fato a chamada era da inteligência artificial (IA), com aplicação em todas as áreas do imenso desenvolvimento que estamos vivenciando.

E na área da medicina, o que está acontecendo ? Todos vimos e vivemos o aparecimento da teleconsulta, da telemedicina de laudos emitidos e analisados a distância por outros médicos, cirurgias com robôs, e até cirurgia comandada de outro centro e até continente, realizada por robôs, realizando perfeitamente e com segurança o movimento delicados e seguros dos mais habilidosos cirurgiões. No Brasil vários centros se destacam, o Hospital Sírio e Libanês, o Israelita Albert Einstein, o HC FMUSP, a Beneficência Portuguesa, a Rede D´Or (RJ,SP,DF), grandes centros hospitalares em Belo Horizonte, Curitiba, Salvador, Recife, Porto Alegre e outras capitais e universidades, com uma clara e inequívoca demonstração do compromisso da Medicina Brasileira em procurar o melhor, sendo considerada uma das melhores no contexto mundial.

E o que ocorre, o aparecimento do “big data” na saúde possibilitou aos computadores engolirem grandes volumes de informações, decoram estatísticas, modelos, artigos científicos laudos. Lidam com indicação de antibióticos em sua correta indicação para cada caso e as vezes melhor que os médicos. Rxs tomografias ressonâncias aprenderam com os melhores radiologistas.

Mas, então, o mercado médico estará comprometido ? Resposta NÃO, o diagnóstico do “olho clínico” não tem formula explicita, não há como descrevê-lo,  O computador dotado de IA aplicada a saúde sabe todos os artigos publicados, estatísticas, “guidelines” médicos (linhas que guiam condutas médicas), algoritmos para decisão, e muito mais, mas lhe falta a percepção clínica, aquele olhar do médico que vê “ele vai infartar agora mesmo”, o do cirurgião, “está na hora de operar”, essa sensibilidade a máquina não tem !

Então o que vamos fazer ? Nós teremos que ser médicos com imaginação, empatia e com o auxílio inestimável da IA aplicada a saúde otimizarmos nossos resultados com esse auxilio e com uma participação bem maior do paciente, uma obra a três.

O Conselho Federal de Medicina está debruçado sobre essa vastíssimo campo para melhor assistência aos brasileiros.

Na natureza tudo evolui !!!!!!.

PS. Após encerrar esta exposição dois fatos merecem destaque, o primeiro é a cirurgia do Papa Argentino Francisco (Jorge Bergoglio), programada para execução com robótica teve que ser convertida para “céu aberto”, ou seja, cirurgia tradicional, mostrando que a sensibilidade do médico é insubstituível e a máquina (IA), deve ser encarada como complemento ao exercício de nosso mister. A segunda é a tramitação da Lei de uso de Inteligência artificial (IA) que entrou em regime de urgência no congresso nacional, considero a urgência desnecessária, deve ser debatida com calma e verificado todos os aspectos relevantes dado a complexidade do tema e a tramitação também da Lei da IA no parlamento Europeu, é aguardar !
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